Furtos de bicicleta: mercado aquecido?

Furtaram a minha bicicleta há duas semanas. Estava com cadeado e, embora à vista da rua, no interior de um prédio. Com o ocorrido, percebi bastante gente que conheço se manifestando nas redes sociais sobre suas bicicletas furtadas recentemente. Outro conhecido teve duas bicicletas, mais caras e sofisticadas, furtadas na semana passada, de dentro do seu prédio (sem visão para a rua), presas com cadeado a um bicicletário. Minha amiga Verônica também teve sua bici subtraída do estacionamento do seu próprio trabalho!

Acho o seguinte: o mercado está aquecido e, se a gente não chega a níveis holandeses em matéria de infraestrutura cicloviária e políticas ciclo-amigáveis, é fácil que roubos e furtos se tornem tão corriqueiros quanto são em Amsterdã. Bobeou, dançou. Parte disso é porque mais e mais gente anda de bicicleta nas cidades, porque a indústria ciclística está se desenvolvendo, porque está mais mais fácil ver mais e mais bicis pelas ruas. Bicicleta, quando barata, é moeda fácil para trocar por drogas; quando é cara, especializada e tem peças nobres, alimenta um comércio ilegal cuja culpa pela existência não está em quem rouba, mas sim em quem compra. Isso não é privilégio do país do “jeitinho”: me lembro das bicis de dez euros que malandros oferecem nas ruas planas da capital da Holanda. O divertido vídeo abaixo, que narra um dia na vida de uma bicicleta, dá conta de uma situação bem real.

Enfim, comprei uma bicicleta dobrável, ainda mais cara, possivelmente bem mais visada e parte desse investimento irá para a aquisição de uma tranca importada, cara e, espero, indestrutível (a U-Lock da Kryptonite costuma se prestar a esse papel).

O que acho importante fazer no caso infeliz de um furto de bicicleta:
– Boletim de Ocorrência – a possibilidade é de que a Polícia não faça muita coisa para recuperar a bicicleta que simplesmente “sumiu”, mas o registro do B.O. é importante inclusive para que haja estatísticas sobre o assunto.
– Cadastrar, de preferência com foto, no site www.bicicletasroubadas.com.br. A ideia é de que o site seja referência para lojas que vendem bicis usadas;
– Produto bom e preço muito baixo? Desconfie. Peça nota fiscal e procedência;
– E, para tentar evitar o incômodo, o site Escola de Bicicleta tem boas dicas.

Indústria brasileira

Estou inaugurando uma nova categoria de links no Bike Drops (na coluna da esquerda), de fabricantes de bicicletas. Tirando KHS e Dahon, todas as demais são indústrias nacionais, incluindo desde as maiores, como Caloi e Sundown (já foi a Monark, que anda sumida na poeira), até algumas que eu nem conhecia. Não são todas que estão ali. Imagino que, tal como a Ciclo, que é do interior do Rio Grande do Sul, deve haver outras com abrangência regional. O que é muito legal e muito provavelmente reflete as demandas de mercado. Em muitas cidades do interior do Brasil a bicicleta é o meio de transporte por excelência.

A ênfase da nova lista de blogs vai para indústrias que fabricam bicicletas de uso urbano (“potis” e “barras-forte”, beach e mountain-bikes). Quem souber de alguma que fabrique esses modelos e não esteja na lista, pode dizer. Contribuições são SUPER bem vindas. 🙂

And the bike goes to…

Tá, sei que não é um tema tão original, mas, em clima de Oscar (estou torcendo muito por “Preciosa”), fiquei com vontade de lembrar os filmes que têm as bicicletas tanto como tema central quanto a usam como um meio de transporte para levar o espectador aos risos ou às lágrimas. Como fora das telas a realidade fala mais alto, bicicleta serve mesmo é para nos levar de um ponto a outro da maneira mais rápida (pelo menos no horário de pico!). Finda a digressão, here are the bike nominees…

Butch Cassidy and Sundance Kid

Ganhador de quatro Óscares em 1970, o filme estrelado por Robert Redford, Paul Newman e Katharine Ross traz uma das cenas mais sedutoras do cinema (na minha modesta opinião), que é o passeio de bicicleta acima. Afinal, que moça de família não quer se perder na garupa do Paul Newman?

Ladrões de Bicicleta

Podia ser você e a sua Barraforte. No filme do italiano Vittorio de Sica, o desempregado Antonio Ricci empreende uma busca angustiada, ao lado do seu filhinho, para recuperar a bicicleta roubada que ele precisava para conseguir um trabalho. 

 As bicicletas de Belleville

Estilo retrô, uma avozinha portuguesa, figuras ameaçadoras e esquisitas às voltas com o sequestro do superciclista Champion durante o Tour de France. Detalhe para a transformação do campeão, de um gordinho simpático em cima do triciclo, em uma máquina de pedalar com coxas fenomenais. 😉

ET, o Extraterrestre

Existia coisa mais fascinante para uma criança em 1982 que dar uma volta numa Caloi Cross à luz da lua?

O Banheiro do Papa

Retrata o perigoso e sofrido cotidiano de um grupo de pequenos contrabandistas em trânsito entre o Uruguai e o Brasil à época da visita do Papa João Paulo II em 1980. Nessa época, a única coisa em que Beto pode confiar é na resistência de suas pernas e na agilidade de sua bicicleta.

Caminho das Nuvens

Roadmovie movido a pedal, o filme de Vicente Amorim traz Wagner Moura como um pai de família que enfrenta 3.200 km em busca de uma vida melhor.

(Claro que faltaram vários filmes, mas quem quiser lembrar de alguns na caixa de comentários, sinta-se à vontade! ;-))

Microblog pedalante

Vedete das redes sociais, o Twitter também tem espaço para as bicicletas. Em 140 caracteres, o pessoal sugere links, desabafa as dificuldades de pedalar na cidade e dá notícias relevantes para a conquista do espaço urbano. Eu também estou lá, mas não como pessoa ciclística, rs. @superflower78

Abaixo, alguns perfis “ciclísticos”. Dá um follow!

@TransporteAtivo
@bicicletas_jor
@menosumcarro
@ciclofaixasp
@eng_transp
@Green_Mobility
@falecomacaloi
@copenhagenize
@Usebike
@rfalzoni
@Bikerreporter
@ondepedalar
@ciclobr
@TheCityFix
@cyclesocial
@luddista
@pedaleiro
@wcruz

Boa notícia

A partir de 9 de março, a bicicleta passará a ser considerada bagagem normal em voos da GOL, a exemplo do que já acontece na TAM. Só será cobrado excedente se a bagagem exceder o peso regulamentado. Não é ótimo? 😀

Cultura do automóvel

O Caderno G da Gazeta do Povo (de Curitiba) de ontem publicou uma reportagem bem completa e interessante sobre o que o automóvel representa no imaginário brasileiro e como este reverbera na realidade do transporte nas cidades – e vice-versa. Vale a pena ler.

Pequenos reparos…

Depois de um completo abandono de quase um ano (não o mesmo tempo para a Violeta, a senhora minha bicicleta, que andou encostada depois de umas crises – minhas – de labirintite), Bike Drops volta tímido, assim meio envergonhadinho pela ausência. Espero que meus 2 1/2 leitores fiquem contentes com a volta, tanto quanto eu. 🙂

Hoje levei a Violeta para um passeio como há alguns meses não ocorria. Só eu e ela, ela e eu. Não antes de passar na fiel bicicletaria para reparar um pneu furado (fui ao Maraschin, link ao lado, serviço honesto e rápido). Eles passaram a trabalhar também com a marca americana Raleigh (a Bike Sul também, se não me engano), que tem umas MTBs lindas e sólidas e algumas cruisers californianas também.

Chamaram a atenção duas bikes encostadas, uma speed antiga da Monark e também uma Monareta lindinha, verde, parecida com essa do modelo 3D (obrigada ao Gustavo Bernardi, de quem “emprestei” a imagem). Perguntei se estava à venda, mas não: é que um dos rapazes da loja curte bikes antigas e vai sempre trabalhar com ela.

Achei um charme. Não é só o mercado de bicicletas que está sendo novamente aquecido (ainda mais com medidas como a isenção do IPI, mais que bem vindas), mas o pessoal está tirando lindos modelos do baú: as que eu acho mais lindas são as Caloi 10, elegantíssimas. Eu cresci com a minha Berlineta, mas a Monareta, admitamos, sempre foi bem mais charmosa. 😉

Magrela da moda

Via NY Times (em inglês, mas no Gata de Rodas tem o texto traduzido!), matéria que avalia a possibilidade de Nova Iorque de voltar a ser a Nova Amsterdã de seus primórdios (esse foi o primeiro nome da cidade), não pelo retrocesso histórico mas pelo crescimento do tráfego de bicicletas na cidade. Um dos modelos mais vendidos é o da tradicional e retrô bicicleta holandesa, que o pessoal anda importando aos montes. Segundo a matéria, o fato não decorre somente da qualidade das magrelas, já que estão em terra de Lance Armstrong e de marcas de excelência técnica, mas principalmente pelo fator “fashion”: pedalar com estilo – o holandês – está virando a prática favorita dos fashionistas de plantão.

Nas cidades brasileiras onde o trânsito de bicicletas está crescendo em maior ou menor grau – uma delas Porto Alegre – os ciclistas têm driblado a falta de oferta nesse mercado nas bicicletarias: uma bicicleta peladinha ganha bagageiro, paralama, farois e lanternas de led ou mesmo dínamo, à guisa de suprir o que poucos modelos nacionais oferecem. Mesmo a lindíssima Caloi City Tour não vem completinha de fábrica.

E para você? Qual modelo mais lhe apetece? Qual você usa? Qual gostaria de ter?

Obrigada ao Ricardo pela indicação! 🙂

Passeando na Vélib

©BAUER-GRIFFIN.COM

©BAUER-GRIFFIN.COM

Ok, eu mal conheço a Jessica Alba. Ela deve ter feito uma dúzia de blockbusters que eu nunca assisto. X-Men? Algo assim? Mas tá bonitinha na Vélib, em Paris e não deixo de sentir uma ponta de inveja da moça, já que eu estive lá não faz 3 meses e não consegui passear de Vélib. Snif.

Ok, passando aos links da semana: muito legal o blog do Grupo Transporte Humano. Tem questionamentos interessantes, artigos legais, debates relevantes, etc…

Também não dá para deixar de dizer que andar de bicicleta pelo trânsito de Porto Alegre é uma emoção incontível. A gente é fechado, quase atropelado, buzinado, xingado mas segue em frente. E vejo cada vez mais pessoas, em progressão ainda tímida, tomando a mesma coragem. Não deve ser uma iniciativa sem motivos, não é?

Sunday cycle chic

Crédito: LA Times

Crédito: LA Times

Ellen Page sem o ar pueril que caracterizou suas atuações em Menina má.com e Juno, posa estilosíssima em frente à bike holandesa. Fica a dica para quem quer ir ao trabalho cheia de bossa e sem poluir o ar, pagar os $ 2,30 do passe de ônibus em Porto Alegre nem abandonar seu suado dinheirinho com IPVA e combustível.

***

Mudando um pouco de assunto, esse artigo de sexta-feira no NY Times, que meu amigo Ricardo me enviou, tá bem bom. Basicamente, as diferenças entre ontem e hoje no universo ciclístico em Nova Iorque, e o que tem ainda de mudar – por parte dos motoristas e por parte dos ciclistas, entre os quais a maioria pedestre ainda fica meio desnorteada.